A crise está na moda!




Salomé Peixoto
salome_beijamim@hotmail.com

Aparece nos jornais, na televisão, está sempre na boca dos políticos, ainda há dias fez milhares saírem à rua e até já ganhou um prémio. Dos 9 aos 99 não há quem lhe seja indiferente. A Crise, é a senhora do momento.
Certo é que se ouviram vaias quando o voto do povo fez da canção A luta é alegria, a vencedora do Festival da Canção, mas o prémio já estava entregue. Desde esse dia muito se tem escrito acerca deste acontecimento: uns criticam a falta de qualidade técnica dos intérpretes ou o mau gosto da caricatura do povo português, que será apresentada à Europa, ou ainda, levanta-se a hipótese de desclassificação devido à letra do tema em questão ser de cariz político. Polémicas à parte, a música portuguesa desde sempre reflectiu o estado do nosso país e já não seria a primeira vez que a contestação serviria de tema no Festival, relembrava há dias Fernando Tordo, a propósito da possível desqualificação, a sua Tourada e a Desfolhada de Simone de Oliveira.
Deste modo, o que me parece digno de nota é que os Homens da Luta foram responsáveis por atiçar o lume brando em que se vinha cozendo o referido evento. Mais do que isso, continuam fiéis ao que sempre foram e levaram, como em outras ocasiões, a luta à rua, desta vez junto com milhares de velhos, novos e meninos que se uniram com alegria de norte a sul para o protesto da Geração à Rasca, porque afinal já percebemos que “de pouco vale o cinto sempre apertado/de pouco vale andar a lamuriar/se pouco vale um ar sempre carregado”.
Além disso, basta olhar para a nova música portuguesa para perceber que o revivalismo, no bom sentido, está também ele na moda e sem vergonhas ou preconceitos. É a Geração à Rasca a mostrar o que aprendeu na Escola: a História não é um amontoado de datas esquecidas, só retendo as lições do passado é possível evoluir e construir um futuro melhor. Tenho pena que os políticos sejam uma espécie com ciclos de memória de quatro anos…
Política à parte, e porque além de membro da geração que concluiu os estudos e procura o primeiro emprego livre-de-exploração, pertenço também ao grupo dos católicos praticantes. Recordo que, antes deste boom de popularidade da Dona Crise, já se falava dela na Igreja. O velho continente precisa de uma nova evangelização. Essa evangelização depende de nós, missionários desde o baptismo, que temos o dever de nos informar acerca das estratégias apontadas pela Igreja para ultrapassar esta Crise, porque essa informação não abre telejornais nem faz primeiras páginas.
Devemos estar atentos ao que acontece na nossa diocese, nas nossas paróquias e viver de modo activo e entusiasmado a Palavra de Deus. Dessa forma, pouco a pouco vamos contagiar o próximo e estaremos mais perto de manter valores como a Paz, o Amor ou a Igualdade no topo das prioridades. Pode até ser que alguns políticos se deixem contagiar. Sei que é uma visão idealista, mas só traçando objectivos os conseguimos alcançar.

*Vice-Coordenadora JSF MInho

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